Autor: Luiz Carlos Ramos, Rio, 1985
Entre cada fio elétrico
Há espaço e linha
Para uma nota musical
Vem o pássaro e pousa:
- Uma nota!
Tange um som cristalino
Ao seu delicado toque
Outro pássaro:
- Outra nota!
Mais pássaros:
- Mais notas!
Ressoa uma música viva
Que só nós podemos ouvir.
Percebo uma semibreve
Que me leva, leve em seu soar maior
Sonho um lindo acorde
E, antes que me acorde,
Uma melodia me invade
O bando de notas voa.
Sob cada rede elétrica
Há uma cadeia de montanhas
Que me cerca e me prende aqui dentro
A harmonia se espalha.
Por ela inteira.
Ouço todas combinações possíveis
Um raio cruza o céu e ilumina o bando.
Um trovão contundente executa o acorde final.
Tudo se acaba. A fúria do vento
Varre pra longe toda a beleza do momento.
Isso não me assusta, em mim tudo se acalma.
Em cada fio elétrico
Há um fio de LUZ.
Ô amigo,
ResponderExcluirmeu grande amigo,
meu velho e inesquecível amigo,
ô meu velho e indivisível AMIZAI!
Que grata e surpreendete emoção
tu acabas de proporcionar!
(e quem não se emociona ao ver um filho distante, perdido, esquecido e guardado intocável no tempo da memória, mas sentido, inesquecível no espaço cheio-vazio do coração?!
Muito obrigado mesmo por essa memorável recordação. É estranho percebermos que as coisas que escrevemos em determinada época de nossas vidas (acredito que deva acontecer com você também e com outras pessoas) parecem que não foram escritas por nós mesmos... E a medida em que as lemos nos lembramos de cada palavra, mas o sentido autoral (não a essência) se perdeu no tempo... Não me lebrava mais desse poema, escrito, segundo você, em 1985, portanto, quando eu tinha, então 23 anos de idade. Hoje (completo amanhã 49 anos) recebo este doce presente que só mesmo um amigo como você poderia ter me dado. Só me resta dizer muito obrigado, amigo!!! (me perdôe, Luciano, mas postei como anônimo, pois assim foi mais rápido, já que fui surpreendido com a exigência do perfil e não sei ainda como fazer...)
(em resposta a Luiz Carlos Ramos)
ResponderExcluirNós, os leitores, é que agradecemos, poeta!
Também me emocionei, ao me deparar com esse escrito, durante busca a um documento dentre meus guardados. "Epílogo" estava anexo a uma extensa correspondência sua, com conteúdo bastante triste e que felizmente o tempo sepultou. O mesmo indomado "tempo" que, por reverso, mantém viva a poesia! Igualmente havia eu me esquecido desse poema. Obviamente o li à época, porém agora o fiz com mais atenção. Pude me ater mais, com mais imparcialidade, à sua qualidade artística. Naturalmente, turbinado com 26 anos "plus" nas costas. E na cabeça. O que escrevemos, o fazemos em parte para expressar nossas ideias, emoções. O fazemos não para nós mesmos apenas, do contrário não o teríamos registrado. Fazêmo-lo para o mundo. Por isso publiquei Epílogo aqui, também no WordPress e em meu site. Fatalmente outras pessoas o lerão e o replicarão, e ele ganhará o mundo, ao qual pertence, expondo a ótica do autor. Direitos autorais devidamente resguardados. O homem é eterno quando seu trabalho permanece. Nós vamos, nossos feitos ficam. Parabéns pelos 49! Happy birthday to you!
Você é o primeiro comentarista deste blog. Que bom! Não economize palavras, quando quizer. You are always welcome!
Uma pessoa como você, servidor público, pai de 1 filho e de 1 filha, duas esposas (uma ex), membro de uma banda (ou nada), morando em duas cidades ao mesmo tempo, músico e poeta, cinéfilo, com muitas amizades, e que ainda arranja tempo para garimpar coisas na internet, às vezes à custa de algumas horas de sono, como por exemplo este blog, realmente está de parabéns. Muitos são os que dão sempre aquela velha desculpa de que não têm tempo, igual naquela canção do Paulinho da Viola (o sinal, vai abrir, quanto tempo amigo, o sinal, vai abrir, até qualquer dia, o sinal, o sinal...). Mas você, meu nobre amigo, não vem com essa: tempo para as coisas que realmente importam a gente fabrica: você é um vanguardista, é um dos meus, THANK YOU!